No último dia de viagem fomos ao restaurante Etxanobe. Aí já com certo desconforto em relação à faladérrima nova cozinha espanhola e Bilbao, no País Basco. O País Basco e a Catalunia são para os amantes de comida hoje, o que Milão e Paris são para os amantes de moda. Todos os novos chefs, as novas invenções, a cozinha mlecular vem daqui. Aqui se respira o assunto dia e noite e deve ser explorado e aproveitado até o último minuto. Então, só nos restava escolher onde seria nossa última ceia.
– Concierge, onde fica o melhor restaurante da cidade e quantas estrelas ele tem?
– O restaurante chama-se Etxanobe, tem uma estrela no Michelin e fica a algumas quadras daqui. Querem que eu faça a reserva?
Mais que depressa respondemos que sim e fomos rapidinho nos arrumar pra ir jantar fora em restaurante estrelado na Europa. Sim , porque aqui na California não existe esse negócio de se arrumar bem pra ir em restaurante bom, e é sempre bom curtir isso ainda na Europa.
Etxanobe
Chegamos no restaurante super bonito e bem tradicional, e passamos um bom tempo explorando o cardápio que misturava cozinha tradicional espanhola ( ainda bem) com toques da cozinha moderna espanhola ( tudo bem, eu consigo suportar algum toque de modernidade). Logo decidimos não ir de menu degustação ou nada do genêro e pedimos sugestões à gentilíssima “maitrê” que nos atendeu.
O primeiro prato servido foi a colher com ovos enviada pelo chef . Olhamos meio desconfiados pra aquilo, mas a maitrê garantiu que era bom, Colocamos na boca, e os sabores explodiram na boca; estava delicioso.
Menu
Começamos o nosso jantar com duas entradas; um carpaccio de cigalas que estava fresquissímo e tinha um molho super saboroso feito com bacon defumado, batatas cozidas e leite. A linha verde diagonal do carpaccio é o azeite de salsinha. De fato a combinação parece estranha mas ficou com caráter e bem harmonizada. A seguir fomos servidos alcachofra frita com um molho ligeiro de salsa verde e mostarda super suave.
De pratos principais pedimos almejas e kokotxas (mariscos) e chipirones ( lulas), impecáveis.
Depois veio a grande surpresa do jantar, que nos deixou tão boquiabertos que esquecemos de tirar foto. Parecia que estavam nos dando um ovo frito mas a maitrê, gentilmente como sempre, avisou para não ficarmos assustados. Esta sobremessa era um cortesia do chef que tinha desenvolvido este prato o qual tem grande fama na região. A “gema” na verdade era um concentrado de manga e que tinha sido gelificado com agar agar e outros produtos da moderma cozinha molecular. A “clara” era uma emulsão suave de iogurte.
E finalmente a sobremesa que eu não consgui mais comer, mas o Paulo deu conta dela.
O simpático chef Fernando Canales (descobrimos depois que ele tem um programa de TV em Bilbao), saiu da cozinha e veio conversar com a gente. Normalmente fazemos tantas perguntas que o chef acaba vindo ver quem são esses estrangeiros curiosos. Falamos do nosso prazer em ter encontrado um restaurante que ainda serve boa tradicional comida espanhola e comentamos a nossa “decepção”com a moderna cozinha espanhola no Comerç 24 em Barcelona. Ele comentou que é preciso haver um equilíbrio num jantar. Dá pra brincar de inventar coisas novas com espumas e sabores diferentes, mas que o jantar não pode ser só isso, porque as pessoas se cansam e não gostam. Ah, bom, então não é que nós somos totalmente diferentes do resto do mundo. Que alívio.
Texto escrito em parceria com Paulo M.
Nossa Mary, você me deixou com água na boca! Já coloquei na minha listinha de gastronomia, pois conheço Barcelona e Valencia e adorei. Quero muito voltar a Espanha, e a região do País Basco já estava nos meus planos, agora então…