O Cristian fez uma pergunta sobre transporte de vinhos na caixa de comentários e o PêEsse deu uma resposta tão boa, tão completa, tão instrutiva, que não tinha como virar post; obrigadíssima PêEsse. Deixo aqui então as dicas pra quem gosta de comprar durante uma viagem.
Não deixe de ler se você vem pra Napa, Sonoma, Santa Ynez, ou qualquer um dos maravilhosos vales produtores de vinho da California.
Dicas para comprar vinho durante uma viagem
“Maryanne e Cristian, sempre que viajo para destinos em países produtores, eu trago vinhos. Além de se encontrar vinhos diferentes, que não chegam no mercado brasileiro, os preços sempre são muito mais baratos que no Brasil. Vale a pena demais.
Bagagem de mão
Não trago os vinhos como bagagem de mão. As garrafas são pesadas e sempre há a chance de alguma autoridade aeroportuária ou mesmo alguma companhia aérea reclamar. Afora isso, posso querer comprar alguma coisa no duty free e não é bom já estar carregando peso.
Trago sempre garrafas em número múltiplo de seis. Normalmente algo entre doze e 24 garrafas, a depender do destino e do limite de bagagem. Nas viagens para os EUA e Europa, nunca trago menos de 24 garrafas, já que, como viajo acompanhado, tenho direito a quatro volumes de 32 kg cada. Nas viagens para a América do Sul, como o limite é de escassos 23 kg, costumo trazer apenas doze garrafas.
Arrumação
Tenho duas formas de despachar os vinhos. A primeira, mais trabalhosa, é arrumar as garrafas no meio da mala normal de roupas. É mais recomendada para até doze garrafas (mas já cheguei a trazer quinze em uma só mala). Procuro proteger/amortecer as extremidades e as faces internas da mala com roupas e no meio (isto é, no “miolo”) eu disponho as garrafas. Assim, se a mala sofrer algum impacto embaixo, em cima ou dos lados esse impacto é amortecido pelas roupas.
Sacos plástico-bolha
Tenho vários sacos feitos de plástico bolha especialmente destinados para envolver garrafas, que ganhei em uma compra grande que fiz no Chile. Então, quando viajo na intenção de comprar vinhos (quase sempre), já levo de casa. São leves e protegem bastante. Quando eu não tinha esses saquinhos eu comprava plástico bolha em papelarias e levava comigo (em breve vou voltar a levar, porque muitas bolhas dos saquinhos estão estourando e a proteção está se reduzindo aos poucos).
Antes de pôr as garrafas no meio da mala, envolvo-as com esse plástico bolha. Mesmo tendo levado plástico bolha comigo, sempre pergunto na loja se eles têm algo para proteger (“bubble paper”, nas lojas dos EUA). Eles oferecem para vender uma embalagem feita de isopor mas eu recuso porque ocupa um espaço bem maior. Aí eles sempre terminam conseguindo alguma coisa para envolver a garrafa (um plástico ou papel qualquer), o que reforça a proteção. Ou então me dão uma caixa individual para o vinho (para uma garrafa apenas), feita de papelão.
Acondicionar bem
Tão importante quanto acondicionar bem os vinhos no meio da mala é deixá-los sem movimentação, ou seja, sem possibilidade de que eles se choquem uns com os outros. As garrafas podem até viajar encostadas uma nas outras, principalmente se estiverem protegidas com plástico bolha, mas o que não pode é haver espaço para que elas se choquem, porque aí as chances de quebrar são grandes.
Se você tiver recebido alguma caixa individual para o vinho (para uma garrafa apenas), feita de papelão, retire a garrafa, proteja-a com o plástico bolha, ponha-a de volta na caixa individual e depois ponha a caixa na mala. Proteção reforçada.
Despachar o vinho em caixas
O método mais simples é despachar o vinho em caixas. Há caixas de seis e de doze garrafas. Você pode pedir uma caixa usada na loja onde comprar vinhos, mesmo se não pretender comprar todas as garrafas em uma mesma loja. Diga que vai despachar as garrafas. Nos EUA eles vão estranhar, vão sugerir que você use o FEDEX ou a UPS. Agradeça e peça uma caixa forte. Há umas feitas com um papelão bem melhor, mais robusto, mais duro.
No quarto do hotel, é só envolver as garrafas no plástico bolha, devolvê-las para a caixa (que normalmente tem separadores, ou seja, as garrafas não ficam em contato entre si) e transportá-las. Se você tiver recebido uma caixa individual para o vinho (para uma garrafa apenas), feita de papelão, retire a garrafa, proteja-a com o plástico bolha, ponha-a de volta na caixa individual e depois ponha essa caixa individual dentro da caixa de papelão.
Cabe direitinho e a proteção é ainda maior. Já se você tiver conseguido uma caixa para seis garrafas mas pretender trazer doze, basta conseguir outra caixa para seis garrafas, proceder da mesma maneira com as garrafas (envolvê-las no plástico bolha etc.) e depois, com uma fita adesiva, juntar as duas caixas para seis garrafas, formando um só volume. Formar um só volume é importante para fins de companhia aérea.
Duas caixas para seis garrafas, mesmo sendo mais leves isoladamente, contam como dois volumes, enquanto duas caixas para seis garrafas unidas por fita adesiva, mesmo formando um volume mais pesado (doze garrafas ao todo), conta como um volume só. Na média, depois de protegidas, dentro da caixa etc. cada garrafa fica pesando 1,5 kg, ou seja, uma caixa de dez garrafas fica pesando algo em torno de dez quilos e uma de doze garrafas por volta de dezoito quilos. Com a experiência, você vai inclusive aprender a fazer uma alça na caixa, para transportá-la melhor.
Dá para fazer uma mistura das coisas. Por exemplo, despachar uma caixa com seis garrafas e pôr duas na mala.
Quando comprar vinhos
Eu procuro comprar vinhos no fim do dia, antes de voltar para o hotel. Assim não preciso ficar carregando a tralha (garrafas, caixas etc.) durante os passeios. Nem sempre compro tudo em uma mesma loja. Usualmente compro duas garrafas em um lugar, quatro em outro etc. até ter conseguido o que queria (que nem sempre acho em um só lugar). Isso ocorre também quando estou em uma região vinícola (em Napa e no Vale de Santa Ynez, em Santa Barbara, foi desse jeito).
Em uma visita você compra dois rótulos, em outra só um, às vezes não compra nada e assim por diante. No hotel é que faço a embalagem final. Em NYC, é possível, inclusive, comprar pela Internet e pedir para entregar no hotel. Se você já souber o quer, é o ideal, porque economiza tempo. Mas sempre procuro ir em uma, duas lojas, tentar garimpar alguma coisa, descobrir uma novidade etc.
Proteção de bagagem
Nas viagens em que trago vinho, costumo usar aqueles serviços de proteção de bagagem que a maioria dos aeroportos disponibiliza. Na mala, se os vinhos estiverem dentro dela, ou na caixa. Com isso, os vinhos ficam protegidos em si (cada uma das garrafas, com o plástico bolha) e também a mala ou a caixa ficam mais seguras. Além disso, sempre peço à companhia aérea para pôr a etiqueta de frágil na mala ou na caixa. Não sei se adianta muito, mas peço.
Se vale a pena todo esse trabalho? Primeiro que nem é tanto trabalho assim, depois que você se acostuma. Arrumar mala em viagem com compras de eletrônicos dá bem mais trabalho, para não quebrarem. E, no meu caso específico, vale até demais.
Costumo trazer vinhos que no Brasil seriam caros ou difíceis, ou seja, não trago nada que compraria aqui por até R$ 100. Procuro trazer vinhos que aqui custariam mais de R$ 300 (e que, em viagem, custam no máximo metade disso, sendo que, dependendo do país, o preço pode ser 1/3 do preço no Brasil) ou que, mesmo custando menos, não são encontrados aqui (pequenos produtores, safras especiais etc.).
Espero ter ajudado. Qualquer coisa, às ordens.”
Li sobre como embalar os vinhos valeu pelas dicas, mas em relação a despachar a caixa de vinhos e com o limite de 20kg da Aerolineas, vc saberia dizer que se há alguma opção de mandar para o Brasil por alguma empresa de cargas?? Pois a Aerolineas cobra UDS 8 por kg de excesso, obrigada. Ana
Escelentes dicas do PêEsse sobre vinhos… Obrigada, Maryanne, por compartilhá-las conosco.
bjo
olá livia tudo bem.
eu escrevo do brasil – ribeirão preto – sp.
vc. poderia me dizer, se souber de alguma grande loja de vinhos que fica na califoirnia. pode me dizer uma ou mais. caso possa me enviar essa resposta via email, eu agradeceria muito
muito obrigado
sergio
Maryanne, acho que o http://www.napamapa.com/default.aspx merece uma divulgação. O enoviajante pode escolher as vinícolas que quer visitar pelo preço dos vinhos (pode evitar vinícolas que só venda vinhos caros, por exemplo), pela região (Napa, Sonoma, Mendocino), pelo tipo de uva dos vinhos produzidos (um dia só regado a zinfandel, por exemplo) etc. Depois de feitas as escolhas, o site monta um mapinha bem bacana. Se o enoviajante não tiver nem noção do quer, há mapas com opções pré-definidas (“Classic Napa”, “Best of Sonoma” etc.). É de graça.
Sobre isso de preço, existem duas possibilidades. No primeiro caso, a vinícola não quer concorrer com a loja, para não correr o risco de quebrar quem ajuda a vender seus vinhos. Normalmente acontece em lugares nos quais as vinícolas ficam próximas às lojas. Mendoza, por exemplo. Na segunda hipótese, a vinícola vende mais barato que na loja (às vezes bem mais barato). As vinícolas de regiões mais distantes das lojas costumam fazer isso, acho que para atrair mais visitantes. No Valle de Colchagua, no Chile, os preços nas vinícolas são sensivelmente menores. Nos EUA, tanto em Napa e Sonoma quanto… Ler Mais »
Ė mesmo, Maryanne? Então seria bom eu comprar num supermercado mesmo, em São Francisco. Alguma dica próximo a Nob Hill(lembrando que estarei de carro)?
PêEsse, esqueci de comentar que pretendo comprar vinhos para consumo em curto prazo, disso tenho certeza absoluta.
Oi, PêEsse, como você falou que se tivesse uma pergunta mais específica para fazer me lembrei de uma, aliás duas: os preços dos vinhos nas vinícolas não seriam mais baratos que no supermercado? Outra pergunta: você recomenda alguma vinícola especial(que você tenha visitado) na região de Santa Ynez ou Sonoma?
Maryanne, obrigadíssima por convidar o PêEsse para dar toda essa orientação maravilhosa sobre vinhos aqui.
Não sei se poderia interessar a você ou ao PêEsse, que gosta tanto e conhece bem vinhos, mas li uma reportagem que achei fascinante. Não é o que vou fazer(não me acho preparada) mas pode ser de interesse de alguém que venha a ler. Eu vou fazer um passeio de carro mesmo, simplesinho e básico mesmo. Mas fica aqui uma contribuição.
http://viagem.uol.com.br/ultnot/2011/08/07/wiking-e-mistura-de-caminhada-e-degustacao-de-vinhos-no-oregon.jhtm
PêEsse! Nossa, muito obrigada pela gentileza de esclarecer vários pontos e também me orientar da melhor maneira possível. Como você percebe, sou uma iniciante mesmo, mas acho vinho uma bebida que dá muito prazer em tomar e ir apreciando. Vou anotar tudinho e ir guardando na memória também – já tentando aprender. Alguns hotéis que vou na California oferecem uma pequena degustação de vinho à tarde, inclusive na noite que passarei em Santa Ynes, mas não estou contando muito que nesse tipo de gentileza do hotel, vá aparecer alguma coisa tão boa. Então pretendo visitar vinícolas diretamente, num passeio agradável.… Ler Mais »
Clara, é difícil indicar que vinho tomar especificamente. Depende muito da ocasião, de quanto você está disposta a gastar, enfim, de suas pretensões. Além disso, nem sempre você encontra nas lojas ou restaurantes os vinhos que lhe sugerem. E aí aquilo de ficar perguntando ao vendedor ou ao garçom por uma lista de vinhos se torna cansativo e desagradável. Por isso, vou fazer apenas algumas considerações gerais, só para contextualizá-la um pouco e para tentar ajudá-la a caminhar sozinha na hora da escolha. A Califórnia produz os melhores vinhos americanos. No entanto, isso não quer dizer que todo vinho californiano… Ler Mais »
Oi, Maryanne, obrigada pelas dicas. Concordo com o lance do armazenamento, o meu pai então cansou de estragar vinhos importados e champãs porque gostava de guardar, tinha um local, mas não era apropriado. De chorar! Por isso prefiro trazer algumas garrafas apenas e consumir relativamente rápido(ainda mais no Rio, né?). Também estou levando em consideração um vinho do Oregon que você indicou pois esticarei a minha viagem, e se tudo der certo, também vou visitar o Willamette Valley e umas vinícolas por lá. Falando assim, nem pareço a enoignorante que sou(o termo é do Riq), mas para mim, isso é… Ler Mais »
Oi, Maryanne, eu aqui de novo, viagem se aproximando. O layout do blog ficou bem bonito, mas tive uma certa dificuldade porque antes olhava cada tópico à esquerda, e agora, não achei. Então fui em “search” para buscar de maneira genérica: vinhos californianos. O que me interessa é simples(creio): passarei 8 dias na California, e gostaria de saber que vinhos razoáveis a bons o pessoal(você inclusive, é logico) costumam tomar no jantar. Visitarei Santa Ynez, dormindo em Solvang, e se tudo der certo fazer uma visita(bate-volta) a Sonoma ou Napa. Por estar com o meu filho ano passado que não… Ler Mais »
Ola Mary. Adorei seu Blog. Estou indo para ai em abril e farei a viagem de San Fran a Los Angeles em 3 dias(Monterey/Carmel/Santa Barbara/Solvang). Gostaria de indicacao de alguma vinicola neste trajeto que fosse de facil acesso. Ola pessoal, podem ajudar, ok?. Grato
Srs, Também sou um grande apreciador de vinhos …. e fiquei sabendo de uma novidade através de um amigo que irá me ajudar muito e resolvi passar a vcs. Um amigo dele está trazendo para o Brasil uma embalagem feita especialmente para o transporte de vinhos, que combina uma espécie de papel bolha e um selante que além de proteger a garrafa não permite que em caso de quebra o vinho estrague a nossa roupa dentro da mala. Entrei em contato com a pessoa, o nome de é Tarcísio a propósito (o e-mail dele é tarcisiofoglio@gmail.com) que foi muito gentil… Ler Mais »
Gosto de viajar para um lugar e aproveitar esse lugar. Ficar pegando avião no meio da viagem, aeroporto, etc não me agrada. O ideal seria ir pra California, alugar carro e aproveitar a viagem. MAS esse foi um caso especial. Era um sonho conhecer o Havaí. E valeu MUITO! Amamos o lugar, elegemos como o ponto alto da nossa viagem. Além do mais, era nossa grande oportunidade de conhecer, já q dificilmente iríamos combinar uma outra viagem apenas pra ir ao Havaí. Portanto acho que valeu muito.
Só pra dar um retorno, acabei de voltar. Comprei 6 garrafas de vinho e tinha planejado trazer na mala, com os cuidados que o PêEsse tinha sugerido. Mas aí na vinícola me ofereceram uma caixa de isopor própria pra vinhos, revestida de papelão com uma alça pra carregar e comprei ela (não lembro qnto, mas foi baratinho). Como éramos 2, tínhamos direito a despachar 4 malas, usamos 1 como sendo os vinhos. E não tive problema nenhum. Fui de SF pra Honolulu, Honolulu pra San Diego e finalmente Los Angeles pra Brasília. Tudo com a caixa de vinhos q chegou… Ler Mais »
Excelente h post. Só uma correção, muito importante. A nova norma da receita federal, que entrou em vigor ontem (01/10/2010) determina que o número máximo de bebidas alcoolicas que podem ser trazidas é de 12 litros no total, por pessoa. Observe que fala em LITROS. Como cada garrafa de vinho tem, em geral, 750ml, é possível trazer 16 garrafas. Óbvio que muitos fiscais insistirão em 12 garrafas, portanto aconselho a imprimir a norma do site da receita para alguma eventuaidade: http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/Aduana/bagagem/Viajantes/GuiaRapidoparaViajantes.pdf
é mto frio ai em novembro? devo levar bastante roupa de frio?
Olá, tenho visto seu blog e tem me ajudado. Ganhei 1 curso de ingles em Berkeley por 4 semanas e estou indo sozinha em novembro MORRENDO DE MEDO de n fazer amizades e estranhar. Gostaria de saber c vc poderia me direcionar as infos principais p quem nunca saiu de casa e ta indo passa 1 mes ai. C vc acha que vale a pena. Tem algum email p contato c vc?